A imprensa trata a educação como ela merece?

O debate foi provocado por um telespectador do programa, indignado com a cobertura da greve nas universidades federais brasileiras.

Comunicação Sinpro/RS
Educação | Publicado em 17/07/2012


A resposta à pergunta do título é negativa, na visão dos convidados do Observatório da Imprensa, exibido em 10 de julho. O debate foi provocado por um telespectador do programa, indignado com a cobertura da greve nas universidades federais brasileiras.

O programa iniciou com um vídeo que usava dados sobre a educação no País. “Nossa imprensa opta pelo simplismo, pois não tem profissionais especializados”, argumentou o apresentador, jornalista Alberto Dines, o que mostraria o desinteresse por reportagens nessa área.

“Tradicionalmente, a imprensa não trata bem a educação e os professores,” opinou Muniz Sodré, docente da UFRJ, jornalista e escritor. “Muitos veículos têm manchete, mas não têm análise. A longo prazo, nada é mais importante que a educação: para a democracia, para formar cidadãos e para desenvolver o País”, observou o senador Cristóvam Buarque (PDT-DF), que também é professor.

Para Antônio Góis, repórter do Jornal O Globo, falta mesmo aprofundar o assunto. “Assim como se chegou à universalização na educação básica, a imprensa avançou, mas é a própria sociedade que não prioriza a educação.”

Num vídeo gravado, a professora Regina de Assis aponta que os veículos se limitam a consultar os órgãos governamentais. “Eles não mostram, por exemplo, a opinião dos milhares de docentes”.

Fazer diferente
O programa trouxe um depoimento, de Londres, do jornalista Sílio Bocanera, sobre a relação da imprensa com a educação na Inglaterra. Ele contou que os jornalistas ingleses cobram os dirigentes sobre as políticas públicas e fazem isso de maneira educada.

O repórter cita exemplo recente em que, num programa de TV, uma representante do governo era confrontada com várias críticas de cidadãos. Em seguida, o apresentador pergunta se ela já havia se questionado se seria competente para o cargo.

Além de citarem a greve dos docentes das IES federais, os convidados do Observatório apontaram outras pautas de educação que poderiam ser objeto da imprensa nacional: as condições físicas das escolas públicas, “bem menos atraentes que as agências do Banco do Brasil”, assim como o fato de que vários chefes das pastas de educação são economistas e não educadores.

Na visão do professor Luiz Roberto Alves, do Conselho Nacional de Educação (CNE), não existe um problema grave da imprensa com a educação. Nesta relação, ele vê erro de foco no que produzem os jornalistas. “Conta a inexperiência dos repórteres com o tema e, antes disto, o fato da educação não ser assunto específico nos cursos de comunicação”, analisa.

Alves vê a imprensa atuando em matérias sobre o Prouni e vestibulares, por exemplo, mas ausente para tratar da relação entre os alunos e a comunidade ou da educação inclusiva de pessoas com deficiência. “À medida em que o CNE e o MEC, por exemplo, abrirem debates com a sociedade, as redações serão provocadas para mudar de atitude,” aposta o docente da Umesp.

Com informações de Fepesp.