Brasil avança, mas tem baixa proficiência no inglês

O EPI indica que o desempenho de alunos brasileiros no TOEFL (Test of English as a Foreign Language) – um dos mais importantes exames mundiais de proficiência no idioma.

Comunicação Sinpro/RS
TOEFL | Publicado em 15/01/2014


A proficiência dos brasileiros no inglês evolui no último ano, mas ainda é considerada baixa de acordo com a edição de 2013 do Índice de Proficiência em Inglês (EPI), que indica que o desempenho de alunos brasileiros no TOEFL (Test of English as a Foreign Language) – um dos mais importantes exames mundiais de proficiência no idioma. O Brasil subiu oito posições no ranking mundial, ficando ao lado de países como China, Emirados Árabes e Costa Rica no grupo.

O teste é uma das principais ferramentas utilizadas por universidades estrangeiras, como Stanford, Harvard e Massachusetts Institute of Tecnology (MIT), para a avaliação de estudantes de todo o mundo. Segundo o estudo, o Brasil saiu do posto de “proficiência muito baixa” para “proficiência baixa”. De acordo com pesquisas da empresa de educação Pearson, atualmente há mais de 2 bilhões de pessoas no mundo aprendendo inglês.

A professora do departamento de língua estrangeira e tradução da Universidade de Brasília (UNB) Mariana Mastrella-de-Andrade não vê o Brasil como um país interessado em formar cidadãos que falam várias línguas. “Primeiro, porque você não vê um currículo estruturado na forma de valorizar o ensino de línguas. Geralmente, as escolas ensinam língua estrangeira duas vezes por semana, com uma carga horária insuficiente e as salas de aulas muito cheias”, afirma. Além disso, ela cita o fato das turmas apresentarem níveis de conhecimentos diferentes, o que é esperado, mas dificulta o trabalho do professor. “É uma questão política, e não do professor resolver”, finaliza. Já o diretor de marketing da plataforma online de aulas de inglês Voxy, André Bodowski, acredita que o Brasil tem professores “fantásticos” nas universidades, faculdades e escolas de inglês, “contudo, nem todas as pessoas no Brasil conseguem ter acesso às melhores fontes de educação, com melhores métodos e corpo docentes com a melhor formação”.

Para a professora Mariana, o resultado brasileiro no EPI de 2013 é insatisfatório. “Está muito aquém, não atende as necessidades de desenvolvimento do cidadão”, diz. Para ela, o resultado mostra a necessidade da urgência de o País criar uma política de ensino de línguas que valorize o currículo escolar, os professores da área e o curso de formação que prepara esses professores.

A longo prazo, para solucionar o problema de ensino de línguas estrangeiras nas escolas – não só de inglês -, a professora acredita que o tema que deve ser discutido em conjunto entre alunos e professores, considerando o contexto local. “A gente precisaria de pelo menos quatro horas por semana de ensino de línguas nas escolas com turmas de até 20 alunos, além de sala de aulas equipadas”, observa. Para ela, as salas de aulas devem ter carteiras móveis, a fim de que os alunos possam se juntar, por exemplo, para fazer exercícios de conversação. Além disso, ela ressalta a importância dos professores terem um tempo dedicado a pensar metodologias de ensino.

Por lei, toda escola deve oferecer, a partir da quinta série, uma língua estrangeira moderna como disciplina obrigatória. No ensino médio, é obrigatória a oferta do espanhol e de uma segunda língua escolhida pela comunidade escolar; cabe ao aluno decidir a qual irá assistir. De acordo com o censo da educação básica de 2012, 81.361 escolas brasileiras de ensino básico, das 192.676 no total, oferecem aulas da língua inglesa.

Preparo
“A decoreba não funciona para estes testes. Ou o aluno aprende ou ele não vai ter uma boa performance”, explica Bodowski. Ele diz que os alunos que desejem ter uma boa performance devem dominar a leitura, a compreensão de texto, escrever e falar bem. “Os testes de proficiência de inglês vão testar a capacidade de entender o idioma da vida real”, afirma.

Para quem ainda não se sente preparado e deseja estudar antes de fazer um teste de proficiência, ele recomenda escolas e métodos que estejam alinhados com a demanda do exame. Como exemplo, ele cita os que utilizam material didático que condizem com o dia a dia do estudante, que apresentem reportagens, por exemplo. Segundo o diretor, um professor é essencial para avançar no idioma. “O estudo de um idioma é difícil. O aluno precisa se expor constantemente a esse conteúdo”, afirma.

Bodowski acredita que os jovens devem aproveitar as oportunidades que existem hoje de expandir a aula além das paredes da sala de aula. “Com o uso de tablets, celulares, desktops, é possível trazer exemplos da vida real para dentro da sala de aula”, afirma. Segundo ele, essa mudança tecnológica se encaixa muito bem em no que é exigido em testes de proficiência.

É melhor que alunos tenham aulas particulares, pois os professores podem adaptar a instrução às necessidades do aluno, segundo o diretor. “Há algumas circunstâncias em que aulas em grupo são úteis, como, por exemplo, quando alunos estão praticando para entrevistas de proficiência oral. Observar outros alunos praticarem pode ser vantajoso”, recomenda. Para ele, de maneira geral, aulas particulares são bem mais eficazes para se preparar para exames padronizados. O melhor é escolher um professor nativo ou brasileiro bem preparado que possa ajudar o aluno a escrever como alguém de origem americana ou inglesa escreve mesmo.

TOEFL e Cambridge
Existem diferentes tipos de exames de proficiência em língua estrangeira. A Cambridge administra alguns deles, incluindo o International English Language Testing System (IELTS) e as avaliações de proficiência da Cambridge. Os exames da Cambridge geralmente são mais utilizados na Europa; já o TOEFL é usado principalmente para a entrada em universidades ou faculdades nos Estados Unidos. O IELTS e o TOEFL são similares e apresentam pontuações numéricas, independentemente do resultado quanto à proficiência. Já os exames da Cambridge trabalham com níveis representados por letras que exigem uma nota determinada para atestar proficiência aos alunos.

O TOEFL pode ser feito pelo computador, enquanto o IELTS inclui um teste de conversação que é administrado pela pessoa que aplica o exame. O TOEFL é de múltipla escolha e exige que o aluno tome notas para as porções de compreensão de áudio, enquanto o IELTS permite que alunos respondam as perguntas logo após cada seção de áudio. Tanto o IELTS quanto o TOEFL testam as quatro habilidades – leitura, escrita, escuta e conversação.

Dos três, apenas o Cambridge é para a vida toda, os outros dois exames valem por dois anos.

Com informações de Terra.