IDH do Brasil é inferior à média da América Latina em Educação

O estudo das Nações Unidas calcula o Índice de Desenvolvimento Humano dos países com base em indicadores de educação, saúde e renda.

Comunicação Sinpro/RS
ONU | Publicado em 24/07/2014


O Relatório de Desenvolvimento Humano de 2013, divulgado nesta quinta-feira (23) pela Organização das Nações Unidas (ONU), informa que o Brasil está abaixo da média da América Latina em educação e expectativa de vida. O estudo das Nações Unidas calcula o Índice de Desenvolvimento Humano dos países com base em indicadores de educação, saúde e renda.

O Brasil avançou uma posição no ranking mundial em comparação com o ano anterior, passando do 80º lugar em 2012 (IDH de 0,742) para o 79º em 2013 (IDH 0,744) no ranking do desenvolvimento humano. O índice do Brasil coloca o país na faixa das nações com “elevado desenvolvimento humano”. O índice varia em uma escala de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, mais elevado é o IDH (veja tabela).

Apesar da melhora no ranking, os dados da ONU não revelam avanço significativo em educação e expectativa de vida. A média de estudo na América Latina é de 7,9 anos; no Brasil, 7,2 anos. O número é o mesmo desde 2010.

A coordenadora do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, Andreia Bolzon, minimizou o fato de os números permanecerem inalterados. Segundo ela, a ONU teve que usar dados mais antigos para a média de anos de estudo porque eram os números passíveis de serem comparados com a evolução dos demais países.

Segundo ela, levantamentos mais atuais revelam que o Brasil avançou para uma média de 7,6 anos de estudo, ainda abaixo, porém, da média da América Latina. A expectativa de vida do brasileiro teve um ligeiro aumento, de 73,7 anos em 2012 para 73,9 anos em 2013. Mas segue abaixo da média latino-americana, de 74,9 anos.

De acordo com o relatório das Nações Unidas, os países da América Latina com maior grau de desenvolvimento humano são Chile (41º no ranking), Cuba (44º) e Argentina (49º). Os três países são classificados como de “muito elevado desenvolvimento”.

Outros 29 países da região estão classificados como de “elevado desenvolvimento” ou “médio desenvolvimento”. Somente o Haiti permanece no grupo de “baixo desenvolvimento humano”.

Apesar desses indicadores, a melhora nos índices da América Latina desacelerou nos últimos anos.
De acordo com as Nações Unidas, o crescimento anual do IDH na região caiu pela metade nos últimos cinco anos em comparação com o crescimento verificado entre 2000 e 2010.

O relatório atribui a desaceleração à crise financeira internacional e sugere a criação de um Fundo Monetário Latino-Americano para completar reservas internacionais que servem de auxílio para países em situação de vulnerabilidade financeira.

De acordo com a ONU, 45 milhões de pessoas da América Latina e Caribe correm risco de cair na chamada “pobreza multidimensional”, quando há a carência de condições mínimas para a sobrevivência digna, como alimentos e saneamento básico.

Brasil se sairia melhor no IDH com dados atualizados, diz governo
Após a divulgação do Relatório de Desenvolvimento Humano de 2013 pela Organização das Nações Unidas (ONU), os ministros Tereza Campello (Desenvolvimento Social), Henrique Paim (Educação) e Arthur Chioro (Saúde) afirmaram nesta quinta-feira (24) que se os dados utilizados no levantamento fossem atualizados, a colocação do Brasil no ranking seria melhor.

Segundo os dados divulgados pela ONU, o Brasil avançou uma posição no ranking mundial em comparação com o ano anterior, passando do 80º lugar, em 2012 (IDH de 0,742), para o 79º (IDH 0,744) no ranking do desenvolvimento humano de 2013. O índice do Brasil coloca o país na faixa das nações com “elevado desenvolvimento humano”. O índice varia em uma escala de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, mais elevado é o IDH.

Titular do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campellox ponderou em entrevista coletiva nesta quinta-feira que se os dados levados em conta fossem compostos pelos números mais atualizados do governo federal, o Brasil estaria em 67º lugar. De acordo com o Executivo federal, a expectativa de vida ao nascer subiria de 73,9 para 74,8; e a escolaridade de 15,2 para 16,3.

“É importante reconhecer que o relatório faz tantos elogios ao Brasil que a gente vem melhorando, mas nós gostaríamos de fazer um exercício estatístico importante: se usássemos dados atualizados e se usássemos uma outra metodologia reconhecida mundialmente com as mesmas fontes o que a gente teria […] O que eu acho mais importante é discutir o nosso IDH, passaria de 0,744 para 0,764”, ressaltou Tereza Campello.

“A gente recebe o relatório de forma bastante confortável do ponto de vista dos dados e bastante animados do ponto de vista qualitativo porque o que o Brasil vem fazendo é reconhecido”, complementou.

Na área da educação, enquanto a média de estudo na América Latina é de 7,9 anos, no Brasil a média é de 7,2 anos. O número é o mesmo desde 2010. Na avaliação do ministro Henrique Paim, o país avançou “bastante” nas últimas décadas, quando se compara os dados da década de 1980 com os números atuais.

“Nós estamos satisfeitos com esses dados do relatório, mas é claro que o Brasil precisa trabalhar cada vez mais para melhorar todos os indicadores que estão sendo apresentados”, disse.

Dados do IBGE
Os três ministros destacados pelo governo federal para comentar os resultados do IDH de 2013 ressalvaram que a projeção de que o Brasil estaria em 67º lugar foi tomada com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Na avaliação da ministra do Desenvolvimento Social, o resultado do IDH divulgado pela ONU “não reflete o que aconteceu nos últimos quatro anos” no Brasil. “As fontes de informação são as mesmas, mas o que defendemos é que olhem os dados mais atualizados, de 2013, que nós temos e estão atualizadíssimos”, afirmou Tereza Campello.

Com informações de G1.